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CIRCUITO  DAS CULTURAS POPULARES E TRADICIONAIS/2024

Divulgação/Fonte

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8 ANOS CELEBRANDO NOSSAS RAÍZES

Um rio não deixa de ser um rio quando ele conflui com outro rio.
Ele continua em sua essência. Essa é a grandeza da confluência!

 

Antônio Bispo dos Santos (Nêgo Bispo)

Neste ano, acontece a 8ª edição do Circuito das Culturas Populares e Tradicionais, cuja centralidade assenta-se na celebração de “nossas raízes”. Antecipadamente, é importante mencionar que a noção de raiz, adotada aqui, não está vinculada a ideia inércia, mas remete a dimensão da ancestralidade e das origens, tendo por referente ao nosso pertencimento por meio da identidade cultural. Neste caso, a ancestralidade pode ser comparada a uma ponte que nos conecta ao passado, revelando, por exemplo, de onde viemos, bem como a história, as memórias das experiências e vivências dos antepassados.

Dito isso, no próximo sábado (03), inicia-se o “A-Gosto das Culturas Populares e Tradicionais”. A cada ano, ele tem se mostrado capaz de agregar novas perspectivas socioculturais, as quais sobressaem o afeto e a circularidade dos saberes e fazeres, além dos compartilhamentos das experiências (as dores e as alegrias) culturais que cada um vive no seu segmento cultural. Mas, para que isso possa acontecer se faz necessário uma articulação de pessoas que tecem e costuram uma vasta programação cuja abrangência se espraiam por outros municípios, como é o caso de Cantá, Caracaraí e Mucajaí.

É importante destacar que a programação deste ano contempla um leque de atividades culturais, entre elas: café com os Mestres e as Mestras; Cultura da Infância – raiz da sabedoria; Tambor de Luz – o bem viver é luz; Festas de Rua; Tambor dos Cravos; Cozinha Multicultura (Cultura Alimentar Tradicional); encontro Mãos que Criam; Roda de Conversa – Gestão: desafios e encantos; e, o encerramento dar-se-á com uma roda de Samba do Mestre Zé Pilintra (entidade do culto das religiões de matriz afro-brasileira)

Caro leitor ou leitora, se você chegou até esse ponto do texto, eu creio que deva ter emergido um monte de questionamentos, dentre eles: Culturas Populares e Tradicionais? Quando iniciou o A-Gosto? Quem organiza? Quem faz parte desse movimento sociocultural?

Eita! São muitos os questionamentos/inquietações. Mas vamos lá!

Primeiro, se faz necessário sublinhar que não somos um grupo fechado ou homogêneo. Ao contrário! Uma das características das e nas culturas populares é a sua pluralidade e diversidade. Elas, em certa medida, são um reflexo da identidade e da história de uma sociedade, pois englobam práticas, crenças, costumes, expressões artísticas e conhecimentos que são transmitidos de geração em geração. Essas culturas desempenham um papel vital na preservação da identidade cultural e na promoção da diversidade sociocultural.

Grosso modo, podemos inferir que as culturas populares e tradicionais têm suas raízes na história e na vivência de um povo. Por conseguinte, são manifestações vivas de experiências, lutas e conquistas das gerações passadas. Dessa forma, em um mundo cada vez mais globalizado que busca homogeneizar a cultura, as culturas de base populares e tradicionais atuam como formas de resistência, singularmente ao destacar as particularidades e as singularidades de cada grupo, em muitos casos, tendo por referência a figura dos mestres e das mestras, os quais contribuem significativamente como guardiões e transmissores dos conhecimentos, das práticas e tradições. De certa forma, a figura dos mestres e das mestras, não só ensinam habilidades e técnicas específicas, mas também inculcam valores e fomentam a coesão sociocultural.

Como é possível perceber, a figura dos mestres e das mestras é ponto central das e nas vivências do A-Gosto das Culturas Populares e Tradicionais. Por conta disso, ouso a dizer que a gênese do A-Gosto tem duas datas simbólicas, as quais constituem como embrionário para o que viria ser nomeado por A-Gosto das Culturas Populares e Tradicionais. A primeira foi a realização em 2015 do 1º Encontro de Mestre e Mestras da Cultura Popular do Estado de Roraima. Este encontro aconteceu no pátio da Igreja Católica São Raimundo Nonato, no bairro Santa Luzia. Já o segundo aconteceu em 2016, por ocasião da realização do Seminário das Culturas Populares, ocorrido no Espaço Cultural União Operária, da Universidade Federal de Roraima (UFRR).

Foi a partir do Seminário das Culturas Populares que sentimos a necessidade, primeiro de nos organizarmos coletivamente, e depois em criar um espaço de interação, afetos e trocas de experiências. Daí, em 2017, um grupo de fazedores, gestores, mestres e brincantes das Culturas Populares e Tradicionais, inspirados no desejo e ideário de brincar em rede, definiu realizar um evento cultural. Para isso, escolheu-se, como data simbólica, o dia 22 de agosto, Dia do Folclore Brasileiro. Assim, nasceu o primeiro A-Gosto das Culturas Populares e Tradicionais. Ele aconteceu na Praça Velia Coutinho e contou com brincadeiras de roda, capoeira, exposição e outras atividades.

Mister destacar que, a partir dessa atividade do A-Gosto das Culturas Populares e Tradicionais, o grupo entendeu que ele servia de estratégia para fortalecer o próprio segmento, além de exigir uma articulação permanente dos grupos. Para isso, a estratégia encontrada se deu com a constituição da Confluência Roda de Prosa em Roraima. Nela sobressai um rosto multicultural mediante a presença de diferentes segmentos, comunidades, grupos e movimentos culturais.

Atualmente a Confluência Roda de Prosa, é composta por 21 grupos, comunidades, coletivos, dentre eles: artesãos (costura e artesanato), povos de terreiros (Umbanda e Candomblé), quadrilheiros juninos, capoeira, Comunicação Popular, Grupo de Tradições Culturais Venezuelanas, Gestores culturais e pesquisadores. Com isso, podemos afirmar que somos muitos rostos com saberes e fazeres diferentes, mas quem encontram nas Culturas Populares e Tradicionais o elo que permite unir forças para fortalecer o saber-fazer e o fazer-saber.

A Confluência não apaga ou diminuiu o potencial de cada um. Ao contrário, ela fortalece nossas forças por meio da coletividade e da circularidade dos saberes e fazeres. Ademais, concordamos com o saudoso Nêgo Bispo quando asseverou que “um rio não deixa de ser um rio quando ele conflui com outro rio. Ele continua em sua essência. Essa é a grandeza da confluência!”.

Em tempo, salienta-se que ao longo desses anos, o A-Gosto tem servido como elo e, ao mesmo tempo, instrumento de ressignificação identitária e fortalecimento dos movimentos culturais em Roraima. Enquanto coletivo, até mesmo, no período da Pandemia da Covid-19, o grupo não deixou de realizar atividades, porém, elas aconteceram de forma remota. Já para 2024, ao celebrar a 8ª edição do “Brincando em Rede”, a programação promete refletir um mosaico vibrante por meio das tradições, crenças, ritmos e expressões que se entrelaçam, formando, dessa forma, uma identidade plural e multifacetada, como é a própria característica do estado de Roraima.

Por fim, seja bem-vindo o nosso Circuito de 2024 com o A-Gosto das Culturas Populares e Tradicionais.

 

(*) Francisco Marcos Mendes Nogueira.

Historiador pela UFRR. Pesquisador e Brincante das Culturas Populares e Tradicionais. Membro da Confluência Roda de Prosa em Roraima e do Coletivo Encruzilhada: Gestão Cultural & Projetos. E-mail: marcos2201@gmail.com

 

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